segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Se eu pedir, cê volta?

Nós sempre fomos tão bons juntos, até que tudo complicou. Os problemas foram chegando e se acumulando, até que tudo virou uma grande bola de neve. Não tivemos para onde correr, então fomos atingidos. E o que eu achei que duraria para sempre, acabou num estalar de dedos.

No começo, me neguei a aceitar que tinha acabado. Eu não podia aceitar, te perder não estava nos planos. Ficar sem você foi como se o mundo estivesse acabando. Os dias ficaram estranhos, por um bom tempo eu evitei sair de casa. Me afastei de todos meus amigos. Porque eu simplesmente não suportava todos me perguntando de você, de nós. Até que um dia, toda a dor pareceu ter sumido. Era como se eu não fosse capaz de sentir mais nada.

Hoje, meses depois, cá estou eu escrevendo sobre você mais uma vez. Com uma pequena diferença, dessa vez não há raiva, muito menos ressentimento. Pelo contrário, a única coisa que sinto é saudade. Saudade do quanto você me fazia bem. Saudade das risadas que você conseguia me arrancar com as piadas mais bobas. Saudade das noites em claro conversando sobre as coisas mais fúteis. Saudade de você. Saudade da pessoa que eu era quando você estava por perto. Saudade de todo aquele turbilhão de sentimentos tomando conta de mim. Apenas saudade.

As coisas andaram complicadas, eu sei. Você disse que não queria mais me ver. Eu me mantive o mais longe possível. Você ficou com raiva, eu fiquei ressentida. O orgulho falou alto e nós demos ouvido. Mas eu não quero mais isso. Não quero mais essa distância, não quero mais sentir saudade. Pra ser sincera, eu não aguento mais. Não aguento mais te ver tão longe assim. Não aguento mais não ter você na minha vida. Você foi e é uma parte importante da minha vida. Eu não estou pronta para colocar um ponto final, e, talvez nunca esteja.

Então, me diz… Se eu pedir, cê volta? Volta de vez. Volta e não vai embora nunca mais.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Poderia ter sido mais uma

A noite na rua, sozinha, ouço o barulho de passos. Olho para trás, ele está ali, se aproximando. Respiro fundo, tento manter a calma. Não há mais ninguém, só ele e eu. Tento me convencer de que é algo da minha cabeça, está tudo bem, não estou em perigo.

Meus passos tornam-se rápidos, os dele também. Sinto minha respiração ir ficando pesada e o medo ir tomando conta de mim. Começo a listar mentalmente opções de fuga. Eu poderia correr, mas certamente ele me alcançaria. Eu poderia gritar, mas não tenho certeza se alguém viria me ajudar. Talvez se eu virasse em uma rua mais movimentada ele desista.

Então eu dobro a esquina, entro em outra rua. Não tem muitas pessoas por ali, alguns casais de namorados, um carro preto que passa, um senhor de idade de mãos dadas com um garotinho e um grupo misto de amigos que parecem voltar de alguma festa. Respiro aliviada. Não estou mais sozinha. Volto a andar compassada, sem pressa. Até que percebo, ele continua me seguindo. Olho para trás e ele me encara. A sensação de pânico toma conta de mim. Torno a apressar meu passo com medo de que ele me alcance.

Quero gritar por socorro e pedir ajuda, mas não tenho certeza de que é uma boa ideia. O que aquele pessoal irá pensar de mim? Será que me ajudariam ou me achariam paranoica? Percorro o olhar em volta na esperança de que alguém perceba o que está acontecendo, o casal de namorados na minha frente parecem estar presos em seu próprio universo, o senhor com o garotinho já não estão mais por perto. Então encontro um par de olhos castanhos me encarando, encaro de volta. Não preciso dizer nada, sei que a dona daqueles olhos castanhos entende o que está acontecendo apenas pelo modo com que ela me olha. Ela cutuca a amiga que está ao seu lado e fala algo em seu ouvido, a garota loira olha na minha direção e assente com a cabeça. As duas atravessam a rua e vão até mim com um sorriso no rosto como se me conhecessem.

A garota de olhos castanhos enlaça o braço no meu, enquanto a loira diz num tom alto “amiga, que bom te encontrar!”. Respiro aliviada ao entender o que elas estão fazendo, dou um sorriso e sussurro “obrigada”. As duas me levam até o pequeno grupo de pessoas com quem estavam, desvio o olhar para trás e lá está ele, parado alguns metros atrás me encarando com uma expressão de raiva.

Ao chegar em casa, reflito. Meu nome poderia ter sido mais um nas estatísticas. Minha história poderia ter sido mais uma entre muitas. Eu tive sorte. Não foi hoje que isso aconteceu, mas pode ser que amanhã ou depois eu não tenha tanta sorte.

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FEMINISMO EM PAUTA
O projeto "Feminismo em Pauta" é uma parceria entre os blogs "Ela matou o amor" e "Estações". Temos o intuito de mostrar a luta das mulheres nas diversas expressões e contextos que as envolvem, e assim, falarmos sobre assuntos novos e cotidianos para o nosso conhecimento, posicionamento e união dentro e para além do movimento feminista. Através de textos, indicações de filmes, playlists de músicas, resenhas literárias e cinematográficas, além de outras diversas formas de intervenção, vamos enaltecer, informar e empoderar a luta das mulheres.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Não deixe que ela vá

Você vai mesmo deixar ela ir embora? Não vai nem mesmo insistir? Cara, olha pra ela. Ela é tudo que você sempre quis. Ela te entende como ninguém, ouve tudo o que você diz sem reclamar. Ela quem está sempre ali, ao seu lado, por mais difícil que seja a situação. Ela que se tornou a sua melhor amiga e confidente. Vocês criaram algo tão lindos juntos, vai deixar mesmo que tudo se perca por algo tão pequeno? Sim, algo pequeno. Ela errou, você errou, ambos erraram. Mas é errar faz parte, não? Todos temos defeitos.

Não deixe ela passar daquela porta. Envolva os braços em torno dela e a abrace apertado. Não deixe que ela vá. Porque você sabe, se ela for é pra sempre. Ela não vai voltar. Ela é dessas pessoas orgulhosas e cabeça dura que quando toma uma decisão é pra valer, não há nada que a faça mudar de ideia. E você sabe disso. Você sabe que é um momento decisivo, ou ela fica ou vai embora de vez.

No momento, as coisas podem parecer um pouco confusas. Você está nervoso por não saber exatamente o que fazer ou falar. Ela, por mais que tente demonstrar estar calma, também está nervosa. Assim como você, ela também tem medo do futuro. Porque ela sabe que ninguém a fará se sentir tão completa quanto você. Mas ela também sabe que precisa se priorizar e que não pode ficar aqui se você não se mostrar disposto a consertar as coisas.

Então, uma vez na vida, não seja tão orgulhoso. Não deixe que seu orgulho e seu ego façam com que você a perca. Vai por mim, você nunca irá se perdoar se isso acontecer. Afinal, ela é o amor da sua vida, não é? Foi por ela que você esperou por tanto tempo. Não faz sentido desistir de tudo agora. Vocês já passaram por momentos piores e superaram, por quê agora seria diferente?

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Não passou

Quando você foi embora, me machucou de um jeito que achei que nunca mais fosse parar de doer. Nunca alguém tinha feito eu me sentir daquele jeito, era como se tivesse aberto um buraco negro dentro do meu peito. Doeu tanto. Passei noites em claro chorando. Os dias tornaram-se difíceis. Na verdade, tudo sem você passou a parecer um desafio.

Eu poderia jurar que os machucados não iriam cicatrizar. Toda vez que me diziam algo como “isso vai passar” “tudo vai ficar bem” a única coisa que passava pela minha cabeça era que nada disso era verdade, não ia passar. E, de fato, não passou. Cicatrizou, já não dói mais, mas não passou. Ainda há um vazio dentro de mim.

É como se eu estivesse por aí, vagando incompleta. Tento me convencer de que isso é apenas parte do processo, logo vou me sentir inteira de novo. Mas quem estou querendo enganar? Quando você foi embora, levou consigo um pedaço meu. E eu fiquei pra trás, meio perdida, com essa sensação de que não vou conseguir me encontrar de novo.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Você sempre foi a minha prioridade

Você sempre foi a minha prioridade. Não importava o quão corrida minha vida estava, eu sempre achava um tempo pra você. Perdi a conta de quantas vezes fingi estar bem só porque sabia que no momento precisava cuidar de você. Por mais que você não acredite, eu dei meu máximo. Tentei, insisti, persisti. Passei tanto tempo me dedicando a você, fazendo planos que te incluíam. Pra no final, você ir embora e me deixar com um coração partido.

Mesmo com todos os motivos para ir embora, eu continuei. Segurei sua mão nos maus momentos e comemorei com você os bons. Por mim, não tinha acabado. Eu ainda estaria segurando sua mão e tentando melhorar seus dias ruins. Só que o problema é esse: não depende de mim. E talvez seja melhor assim.

Por mais que me doa admitir, toda essa distância não tem sido tão ruim. No começo, doeu muito, achei até mesmo que não iria conseguir aguentar. Devo ter aberto e fechado sua conversa no WhatsApp e visitado suas redes sociais umas mil vezes ou mais. Demorei juntar forças para finalmente deletar o seu número da agenda do celular. Cansei de reclamar para os meus amigos do quanto estava doendo a sua partida. Nas primeiras semanas, ficar sem você foi uma tortura. Me senti como um viciado quando fica em abstinência de drogas. Porque você era isso pra mim: a minha droga. E ficar sem você foi como entrar na reabilitação. Foi difícil, tive recaídas, machucou, doeu. Mas, no final, consegui me recuperar.

Você não é mais minha prioridade. Já não te incluo nos meus planos para o futuro. Você nem se quer é parte da minha vida, já não há mais espaço para você aqui. Tudo o que passou, toda a nossa história são apenas lembranças de um passado antigo.