Só hoje me dei conta

Só hoje percebi o quanto você deixou um buraco enorme na minha vida. Me peguei sentindo falta das nossas conversas, que mesmo não sendo profundas e sérias, duravam horas a fio. Só ficávamos sem assunto quando um estava bravo com o outro e tentava dar um gelo, mas isso não durava mais que algumas horas.

Hoje, depois de muito tempo, me bateu saudade até das nossas brigas, que na maioria das vezes faziam render uma madrugada toda de discussão. Mas no final sempre acabava bem, a gente se ajeitava e eu ia dormir com um sorriso bobo no rosto. Porque eram nesses momentos que ficava claro o quanto o que tínhamos era forte.

Só hoje percebi que ficar acordada a noite toda com você nos fins de semana, talvez não tenha sido um bom costume. Agora que não te tenho mais, quem é que vai me aturar a madrugada toda? Quem vai ficar até às 5 da manhã implicando comigo por eu gostar tanto de política, ou pelo Flamengo não estar em um bom momento?

Não existe mais esse alguém. Na verdade, até poderia existir. Desde que tudo acabou, conheci alguns caras legais. O problema é que há uma parte minha que insiste em ficar presa, em ficar lembrando o quanto era bom a madrugada ao seu lado. E com isso, eu acabo dificultando tudo. Me fecho e acabo não deixando que ninguém mais entre na minha vida. Não consigo mais se quer render uma conversa boa.

Finjo que não ligo para solidão, que não há problema algum em ficar sozinha num sábado à noite, que está tudo bem não ter uma companhia para jogar conversa fora durante minhas insônias ou alguém que quando eu acordar terá me deixado uma mensagem de bom dia. E realmente estaria tudo bem, mas você me acostumou mal. Não há problema algum curtir um pouco de solidão ás vezes, só que é difícil quando vem acompanhado do buraco que você me deixou.

Só hoje percebi que sua ausência ainda tem um grande efeito sobre mim. Que você me deixou um buraco enorme, e, que não vou conseguir preenche-lo tão cedo.

Só hoje me dei conta de que por mais que todo aquele sentimento lindo que eu sentia por você tenha acabado, você ainda me faz falta. Não me leve a mal, mas essa falta não é exatamente da sua pessoa, é do que tínhamos. Sinto falta das nossas madrugadas cheias de confissões. Sinto falta das suas implicâncias. Sinto falta de como nossas brigas eram intensas, mas as reconciliações eram ainda mais. Sinto falta de como era boa a sensação de sempre querer e poder compartilhar coisas banais do meu dia-a-dia com alguém.

A única conclusão que consigo chegar diante de toda essa confissão exposta, é que por mais que eu negue e goste de bancar a madura, eu não sei ser só. Não sei lidar com a solidão, mas também não deixo ninguém se aproximar. O que de certa forma não deixa de ser cômico, por medo de ficar só novamente, não consigo deixar que mais ninguém entre na minha vida, e no final, acabo sozinha do mesmo jeito.