Essa semana
aconteceu algo absurdo, uma garota de 17 anos foi estuprada por 30
caras que como se não bastassem tal ato, fizeram questão de filmar
e expor o crime para quem quisesse ver na internet. Não consigo
parar de pensar nisso, tento me distrair, ler sobre outros assuntos,
mas tem um questionamento que não sai da minha cabeça: “e se
fosse eu?”. E se não fosse a Beatriz, fosse eu quem tivesse sido a
vítima? Ontem foi ela, mas hoje posso ser eu. Posso ser eu andando
na rua e um estranho me abordar. Posso ser seu a garota que vão se
sentir no direito de usarem apenas por estar com um short curto.
Ontem a Beatriz, hoje eu, amanhã pode ser uma amiga minha ou prima,
uma tia ou até mesmo minha mãe e minha vó. Nenhuma de nós estamos
a salvo disso.
Assim como a
Beatriz, sou adolescente, sou mulher, gosto de ir em festas e uso
roupas curtas. Assim como a Beatriz faço parte de uma sociedade
machista, onde homens se sentem no direito de mexerem comigo na rua
apenas por eu estar usando um short ou uma blusinha. Assim como a
Beatriz todos os dias sofro abusos, ouço comentários como “ôh
delícia” ou “ôh lá em casa” e piadinhas como “mulher no
transito perigo constante” ou "você é mulher não vai
entender". Assim como a Beatriz sou vítima todos os dias apenas
por ser mulher em uma sociedade com um pensamento tão retrógrado.
É inevitável não
me colocar no lugar dela, uma garota de 17 anos de idade. Uma garota
que independente da roupa ou lugares que frequentava foi vítima de
um crime bárbaro. É inevitável não tomar as dores dela, uma
garota que certamente tinha sonhos. Uma garota que tem uma família,
e que além de ser violentada foi publicamente humilhada. É
inevitável não lembra de inúmeras situações em que poderia ter
sido eu essa garota.
Em 2013, eu tinha 15
anos e como toda adolescente sempre gostei de sair, ir em shows e me
divertir, assim como nunca vi problemas em usar um shortinho curto ou
passar um batom vermelho apenas porque me sentia bonita. Em 2013, eu
uma garota de 15 anos num show poderia ter sido mais um desses casos
por aí. Eu uma garota de 15 anos, que estava me divertindo com
minhas amigas fui abordada por um cara que veio logo tentando me
beijar. Eu não queria aquilo, não queria beijar ele. Eu disse, não
adiantou. Havia um monte de pessoas a minha volta, tenho certeza que
todas viram a cena. Eu estava me debatendo enquanto o cara envolvia
os braços na minha cintura e tentava me beijar a força. Minhas
amigas? Já tinham sumido. Apenas uma das três que estavam comigo
que tentou me ajudar, mas um outro cara encurralou ela também. E
isso foi tudo em meio a multidão, com um monte de testemunhas, mas
todos se calaram. Quanto mais eu tentava me soltar, mais era segurada
a força, até que senti uma outra pessoa prendendo meus braços. Eu
estava presa. Não tinha nem mesmo forças mais para pedir socorro e
enquanto meus olhos percorriam pela multidão encontrei minha amiga
na mesma situação comigo. Não sei da onde tirei forças, mas
consegui dar uma joelhada no cara que estava me agarrando. Não sei
dizer se foi muito forte ou não, mas ele me soltou e o amigo que
estava segurando minha mão também. E o outro cara que estava em
cima da minha amiga a soltou para ver como os amigos estavam. Naquela
hora senti vários olhares sobre mim, a maioria de reprovação. E me
senti culpada, não sabia o porquê e nem o que tinha feito de
errado. Mas senti que a culpa era minha. Depois disso tudo aquilo
perdeu a graça pra mim. Não tinha mais vontade de ficar naquele
parque de exposições e liguei para meu pai em prantos. No outro
dia, na casa da minha vó, tive que escutar que parte do ocorrido era
culpa minha por ter ido com um short “tão curto” em um show.
Hoje leio muitos
comentários maldosos, muita gente julgando a Beatriz e dizendo que
se ela estivesse na igreja rezando não teria acontecido. Vejo
comentários falando que ela não deveria usar roupas curtas, que ela
estava “pedindo”. E minha vontade é de chorar. Porque há quase
3 anos atrás poderia ter sido eu, poderia ter sido a minha história.
E ainda pode ser, assim como ela, todos os dias quando saio na rua
estou correndo risco de ser a próxima vítima. Assim como ela, todas
as vezes que saio para algum barzinho ou show com minhas amigas, elas
e eu corremos risco de sofrermos abusos. Isso levando em conta apenas
os “abusos sexuais” e deixando um pouco de lado todos os
comentários sobre nosso corpo que na maioria das vezes aguentamos
caladas, que aliás também é um tipo de abuso. E você? Já se
colocou no lugar da Beatriz? Já pensou que ontem foi ela, mas hoje
pode ser você ou alguém que você gosta?
Já pensou em ter uma capinha de celular personalizada?
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