quinta-feira, 28 de junho de 2018

É só mais um dia

É só mais um dia, e como todo dia, é um péssimo dia para ser mulher. Um péssimo dia para ser mulher no Brasil, no mundo. Somos a maioria, mas tratadas como minoria. Somos obrigadas a ser forte desde pequenas. Assim como a luta, o luto é constante. Cada dia que passa somos agredidas, assediadas, estupradas e mortas. Cada dia que passa perdemos amigas, irmãs, mães. Ainda somos obrigadas a ouvir piadas e comentários maldosos. Além, de claro, levarmos toda a culpa.

Nosso corpo não nos pertence. Nos intitulam como incapazes, como se precisássemos ter alguém do lado. Insistem em bater na tecla de que temos como obrigação reproduzir, usam como desculpa um tal de instinto materno. O discurso é sempre o mesmo, mulher nasceu para ser mãe. Não se preocupam em perguntar o que queremos, muito pelo contrário. Eles acham que sabem, acreditam piamente que realmente entendem tudo sobre nós. Mas a verdade é o contrário. Eles não sabem, tampouco entendem. Eles apenas acham.

Carregamos o fardo que é ser mulher desde o nascimento. Somos ensinadas desde pequenas que devemos nos calar. Nos ensinam a submissão, a fechar a boca quando devíamos gritar. Nos fazem acreditar que devemos seguir o padrão imposto por eles. Não podemos usar roupas curtas, nem sair na rua sozinhas. Devemos permanecer caladas enquanto gritam conosco. Não podemos ter direitos, nem voz. Segundo eles, temos a obrigação de ser dócil. Não podemos nem mesmo possuir uma carreira bem-sucedida. Querem que a gente faça sempre o papel de coadjuvante, nunca o de protagonista.

Ser mulher é isso. É ser obrigada a ser forte desde pequena. É ter que carregar o fardo de uma luta difícil e constante, que parece nunca ter fim. É se sentir cansada, mas saber que desistir não é uma opção. É estar de luto e continuar lutando.

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FEMINISMO EM PAUTA
O projeto "Feminismo em Pauta" é uma parceria entre os blogs "Ela matou o amor" e "Estações". Temos o intuito de mostrar a luta das mulheres nas diversas expressões e contextos que as envolvem, e assim, falarmos sobre assuntos novos e cotidianos para o nosso conhecimento, posicionamento e união dentro e para além do movimento feminista. Através de textos, indicações de filmes, playlists de músicas, resenhas literárias e cinematográficas, além de outras diversas formas de intervenção, vamos enaltecer, informar e empoderar a luta das mulheres.

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