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Allie
queria ser livre. A família, os amigos, o namorado, a faculdade, o
trabalho, tudo aquilo parecia uma prisão pra ela. A prisão que ela
mesma criou. Estava na hora de ir embora, disso tinha certeza, só
não sabia que atitude tomar em relação a isso. Em sua poupança
havia o dinheiro que ela vinha juntado desde que começará a
trabalhar com 15 anos, na época a ideia de juntar o dinheiro era
para bancar uma viagem pela Europa. Agora com 20, faltando apenas um
ano para se formar na faculdade de direito com um namorado ciumento,
uma mãe carente e um pai ausente, a ideia da viagem para o exterior
não parece tão atraente quanto mudar de cidade. Há tantos lugares
em que ela poderia ir, mas nenhum que ela realmente quisesse ir. A
verdade é que por mais cansada que esteja de tudo, Allie queria não
ter que fugir assim dos problemas. Seu namoro de quatro anos
claramente está no fim, e por mais que tente, não há nada que ela
possa fazer. Assim como o casamento de seus pais. Não é novidade
para ninguém que seu pai mantém uma relação fora do casamento e
que esse é o motivo da depressão da mãe. Seu trabalho apenas a
deixa mais esgotada, ficar o dia todo atendendo telefonemas naquele
escritório não é bem o que havia imaginado para o seu futuro. E a
sensação de que está cada vez mais presa ali naquele lugar a
atormenta.
Hoje
é o dia. Está decidido. Ela irá embora. Já comprou a passagem, já
fez as malas e deixou um bilhete para os pais. Trancou a matrícula
na faculdade, se demitiu do emprego e deu um chute no namorado
problemático. Foi até o banco, retirou tudo o que pode de sua
poupança. Já não estava mais presa. Uma nova Allie estava nascendo
naquele exato momento. Sentia-se como a Fênix, precisou morrer para
renascer mais forte. Era assim que via seu recomeço, ela estava
nascendo de novo, pronta para se tornar uma pessoa diferente do que
era. Nas malas haviam apenas o necessário, nada de supérfluo,
algumas roupas, sapatos, produtos de higiene, um pouco de maquiagem e
alguns livros. Quebrou o chip do celular e comprou um novo. Assim
ninguém poderia entrar em contato, só manteria contato com a mãe.
Não
tinha um rumo certo, nem um plano em mente. Apenas sabia que aquela
era uma nova chance para que as coisas finalmente dessem certo, uma
nova chance para finalmente ser feliz de verdade. Foi para longe. Foi
para a cidade grande, alugou um quarto numa pensão e lá ficou
durante algum tempo. Conheceu pessoas novas, lugares novos, fez até
algumas amizades. Não demorou muito para que arranjasse um emprego
em um mercadinho do bairro onde morava. Conheceu um cara, saiu com
ele uma, duas, três vezes, até que se cansou e decidiu ficar
sozinha de novo. Fez amizades que a acompanhavam em baladas, até
mesmo amizades que estavam sempre ali por ela. Descobriu que ser
advogada não era aquilo que realmente queria. Prestou vestibular e
começou um novo curso.
Uma
vida nova, uma Allie nova. A mãe vez ou outra ligava, queria saber
como a filha estava. Nas ligações, sempre reclamava sobre o quão
irresponsável Allie tinha sido, mas ao se despedir fazia questão de
lembrar o quanto tinha orgulho dela por conseguir a tão sonhada a
liberdade.
Não
tinha mais um namorado. A família estava longe. Não trabalhava mais
em um escritório com ar-condicionado. Faltavam 5 anos para terminar
a faculdade de Jornalismo. Morava em uma pensão. Mas ainda sim,
sentia-se feliz. Não sabia explicar como, simplesmente enquanto
estava ali, ela sentia-se completa. Não ganhava tão bem quanto
antes, mas era o bastante para suprir seus gastos. Segundo sua mãe
escrever não a daria dinheiro nem prestígio perante a sociedade,
mas fazia Allie feliz e aquilo bastava.
Ela
descobriu o que todos passam a vida inteira tentando: como ser feliz.
Descobriu que não precisava fazer uma faculdade cara, nem de um
namorado de olhos claros segurando sua mão, nem de um trabalho bem
remunerado. Descobriu que a coisa toda era mais simples do que ela
pensava, para ser feliz bastava apenas se conhecer melhor e deixar
para trás todo o peso do passado.
Ser
livre era o que ela mais queria ser. Livre para ir e vir. Livre para
fazer o que quiser. Mal sabia ela que era a responsável pela sua
própria liberdade. Vinte anos passaram-se, até que finalmente,
Allie compreendeu. Ela, dona de si, declarou-se livre. Ela, dona de
si, se fez feliz.
nossa que textoooooo, amei. Seu blog é muito legal, já estou seguindo seu ele, será que você pode me ajudar a bater minha meta de 200 seguidores, ps: só falta 5 \o/. Desde de já te agradeço muuuito. Um beijo e sucesso pra você <3
ResponderExcluirhttp://www.agathaalfeu.com.br/
Allie tem que abrir as asas e voar pela vida e cair de cara na felicidade.. <3 Escreve lindamente bem. Amei!
ResponderExcluirBeijão,
Larissa
Blog: Perdida em Woodstock
Amei esse texto, moça! Amo pensar sobre liberdade, e sobre mim mesmo em relação a isso...
ResponderExcluirRealmente, só a gente é dona de si, e quem pode nos fazer feliz!
Curso Psicologia, e escolhi uma abordagem que preza justamente isso, a não vitimização de uma vida, ser responsável por si e por seus atos; ter a capacidade de assumir quem se é de verdade e prover sua própria felicidade; sem ficar somente esperando dos outros. Isso é capaz de mudar uma vida!
Lindo texto *-*
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