sexta-feira, 22 de abril de 2016

Ainda sobre domingo

 Quem assistiu a pagação de mico dos nossos deputados no Congresso Nacional, no último domingo, ou apenas acompanhou os memes e as piadinhas pela internet, certamente está a parte da cuspida que o deputado Jean Willys deu no deputado Jair Bolsonaro. Vi inúmeras pessoas indignadas com o deputado do PSOL, afinal, como alguém pode ter tal atitude, em uma votação para decidir o futuro do país e ainda mais estando ao vivo na mídia? Mas também vi várias pessoas saindo a favor de Jean Willys, dizendo que ele só teve essa atitude por ter perdido o controle perante as provocações de Bolsonaro.
A questão é: será que realmente podemos julgar ou tirar algo disso? Sim, teve uma cuspida. Não há dúvidas, o próprio deputado se manifestou explicando sobre sua atitude. Não, não foi um ato inteligente, não há o que contestar nisso. Mas ponham-se no lugar do deputado do PSOL, não há quem não saiba sobre seus problemas com Bolsonaro. Bolsonaro um deputado que é contra os direitos LGBT e as conquistas dos movimentos feministas, que é a favor da implantação da pena de morte, que já demonstrou seu ódio perante os homossexuais e negros sem nem se preocupar, e, como se não bastasse, diz que o problema da Ditadura Militar que teve no Brasil foi torturar em vez de matar, e é a favor de uma nova ditadura no país. Enquanto o deputado Jean Willys, é um forte represente dos movimentos LGBT e feministas, sendo também o oposto de Bolsonaro, não só em seus ideais, como também em sua ideologia política.
Vejo inúmeras pessoas por aí defendendo o deputado Jair Bolsonaro, muitos até mesmo chamam ele de “Bolsomito” e cogitam seu nome como presidente da república em 2018. Fico me perguntando, será que tais pessoas realmente conhecem a fundo quem eles desejam que comande nosso país? A conclusão que chego é que claramente não conhecem e se deixam levar pela igreja, por familiares, amigos ou que mataram todas as aulas de História na escola.
Não conheço o deputado Jair Bolsonaro, moro em um estado diferente do que o elegeu a deputado, não tenho nada contra a pessoa dele, mas vou contra todas as ideologias que o vi defender até agora. Não consigo acreditar que existam pessoas que acreditem que a solução para o país seja a volta do Regime Militar, seja retornar ao passado e voltar a torturar, matar e exilar pessoas apenas por terem pensamentos e opiniões diferentes. Assim também como não consigo entender, como em pleno século XXI as pessoas ainda não conseguiram respeitar e entender que todos devemos ser iguais perante a justiça, independente de nossa cor, religião ou opção sexual.
Retornando ao assunto do cuspe, em minha leiga opinião, a atitude de Jean Willys não foi correta. Mas não posso julgá-lo, tampouco posso dizer que se fosse eu em seu lugar não faria o mesmo, ainda mais devida as circunstâncias. O ponto é: nenhuma das partes estão corretas. Bolsonaro não tem direito algum de insultar Jean por causa de sua opção sexual, do mesmo modo que Jean não tinha o direito de cuspir em seu adversário político. Não importa o quanto suas opiniões sejam divergentes, nada é justificativa para um ataque de ódio gratuito.

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