sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Vai ficar tudo bem, certo?

Começos são tão difíceis, do mesmo modo que dar um final a um capítulo importante da nossa vida também é. Sabe, se há um ano atrás eu pudesse prever tudo que estaria para acontecer, certamente teria feito tudo diferente. Teria dito o quanto amo algumas pessoas, teria sido mais compreensiva com meus pais e não deixado que meus sentimentos atrapalhassem não só minha saúde, como minha vida em geral. Talvez eu devesse ter previsto o rumo que o resto do ano tomaria, claro, não foi a primeira vez que passei por isso, mas estava cega demais me escondendo atrás de todo o sentimento de medo, de dor e de desespero que me consumia.
Apesar de tudo, apesar de todo arrependimento e mágoa que guardei durante os doze meses que passaram, por algum milagre, consegui me manter de pé. Desabei várias vezes, claro, mas no final consegui me levantar. Sabe a sensação de quê tudo está acabado, de quê não há mais chances para concertar? Eu me sentia assim, me sentia impotente, incapaz de fazer algo para mudar o rumo das coisas. Mais uma vez tudo estava ficando escuro, e, dessa vez não parecia que a luz no fim do túnel apareceria.
Então, simplesmente tive uma chance, mas pra isso tive que voltar atrás em algumas promessas que fiz pra mim mesma. Sabe o que é ter o orgulho ferido? É uma dor horrível e não há remédio que faça diminuir. Mais uma vez tive que ser forte. Passei por cima do meu orgulho e sobrevivi, estou sobrevivendo.
O que eu não poderia prever é que tudo isso seria apenas um passo, um passo para algo desconhecido. Me acostumei tanto a ficar na minha zona de conforto, onde tudo conheço, onde sei lidar com tudo, que agora estou um pouco perdida. Voltar atrás seria uma opção, uma opção humilhante. Assim como seguir em frente está sendo uma escolha difícil. Pela primeira vez em muito tempo, estou pisando em território desconhecido. Sinto como se estivesse às cegas em meio a um tiroteio, como se a qualquer momento uma bala perdida pudesse me atingir sem que eu possa fazer nada, sem que eu possa me defender.
Vou sobreviver a isso, sei que vou. Sou forte. Apesar da pouca idade, venho passando poucas e boas desde pequena, já sobrevivi a muitas coisas, a muitas situações incrivelmente embaraçosas, situações nas quais eu morri de medo. O meu maior medo, na verdade, não é de conseguir ou não, é do que vem depois.
Estou deixando uma parte minha para trás. Uma parte importante. Abri mão de algo que apesar de amar, não é o que realmente quero. Estou disposta a apostar todas as minhas fichas nisso. Estou disposta a fazer um novo começo, só não sei por onde começar. Só não sei o que fazer ou como fazer. E a única coisa que me vem em mente no momento é adiar, talvez tudo isso possa esperar até segunda-feira, talvez um fim de semana seja o bastante para eu ganhar confiança.
Sei o quanto estou sendo ingênua pensando assim, mas a verdade é que só estou apavorada. É normal ter medo de algo quando a gente não conhece, não é? Sei que é. Sei que meu conselho para qualquer pessoa que estivesse no meu lugar seria “vai ficar tudo bem, você vai se acostumar”. Mas o problema é que há uma parte minha que não consegue acreditar nisso, há uma parte minha que diz que tudo aquilo que tentei tirar da minha vida permanentemente irá voltar. E eu não quero isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário