domingo, 1 de novembro de 2015

Nós somos especiais

Desde pequena sempre fui gordinha, nunca me importei com isso, mas sei que bastante gente se importa. Quando se é uma criança de 3 até uns 5 anos, todos acham fofo crianças com bochechões e gordurinhas, mas depois que passa dos 8, a criança passa de fofa à gorda. Os adultos em si, não dizem diretamente, mas as outras crianças sim. Nem todas crianças são boazinhas com os coleguinhas, basta você ser um pouco diferente do padrão imposto da sociedade que vira motivo de chacota na turminha da escola, no grupinho do bairro. E eu era diferente, era gorda, uma criança fora do peso. Durante meu primeiro ano no grupo, na escola nova, e nos anos seguintes, ouvi vários de meus colegas zombarem de mim e rirem por eu ser gordinha. Já fui chamada de baleia, de gorda, saco de areia, bola e vários outros apelidos idiotas. Mas isso nunca me afetou, nunca fez com que eu quisesse mudar. Em vez de ter raiva das outras crianças que me perturbavam, eu tinha dó, tinha pena delas. Porque eu sabia que era gordinha, mas que aquilo não me fazia feia ou inferior as outras garotas da minha idade. Desde cedo minha mãe sempre me ensinou que não existem pessoas feias, cada um é lindo do jeitinho que é e que são nossas diferenças que nos fazem de nós pessoas especiais.
Sempre que ouvia alguma piadinha sobre mim, tudo que eu fazia era ignorar. Algumas vezes me esgotava e acabava revidando a malcriação, mas isso era bem raro acontecer. Então o tempo foi passando, fui ficando mais velha e aos poucos aqueles que zombavam de mim, foram amadurecendo também e parando de me perturbar. E apesar de ser gordinha, nenhum daqueles apelidos idiotas pegaram em mim. Nunca fui conhecida como a “baleia” da turma ou algo do tipo. Foi aí então que aprendi algo, apelidos como esse só pegam se você se importar, se deixar que percebam que você não gosta. Como eu nunca dei bola, não havia motivos para ser chamada por apelidos maldosos.
Algum tempo atrás, quando tinha meus 12/13 anos, comecei a me importar com minha aparência. Estava entrando na adolescência, começando a pensar em garotos e ser gorda para mim começou a ser um problema. Junto com o início da adolescência também vieram outros problemas além da minha aparência, tive alguns probleminhas de saúde e cheguei a ficar durante quase dois meses isolada em casa, sem nem mesmo ir a escola. Foi uma fase difícil, mas necessária. No final de tudo, apenas aprendi novamente o que havia esquecido: cada um é lindo do jeito que é. E eu sou gordinha, e sou linda assim. Não importa o que digam, o que pensem, todos temos algo belo. Todos temos algo de especial. Não importa se a pessoa é baixa, alta, gorda, magra, branca, preta, cada um é bonito do seu jeito. E ninguém tem o direito de te dizer ao contrário, ninguém tem o direito de te fazer se sentir menos. Porque você é lindo, é único, assim, do jeitinho que é, do jeitinho que Deus te fez. Eu sou especial. Você é especial. Nós somos especiais. Cada um do seu jeito, todos somos especiais.

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