Nosso
primeiro encontro. Ah, esse dia! Lembro-me até hoje sobre o quanto
estava nervosa. Estava tão nervosa que andava de um lado para o
outro, enquanto Vitória, minha melhor amiga, tentava me acalmar.
—
Você vai pirar, Allie!
—
Pirar? Está de brincadeira? Já pirei há horas, Vitória!
Dei
uma risada irônica e tudo que minha amiga fez foi soltar um suspiro
e revirar os olhos, igual sempre fazia quando estava aborrecida.
—
Não sei pra quê tanta preocupação, é só um cara, só um
encontro.
—
Não é só um cara, é o Elliot!
—
A, olhe para mim… Elliot é um cara, apenas um cara legal e vocês
vão sair para comer alguma coisa. Você já fez isso outras vezes,
lembra? É a mesma coisa.
Dessa
vez, fui eu quem revirou os olhos. Para Vitória era simples, afinal
com quantos caras ela já havia saído mesmo? Acho que nem mesmo ela
lembrava quantos ao certo, foram muitos. Desde o colégio, cada
semana ela me aparecia como uma paixonite, um novo namorado. Enquanto
eu nunca soube lidar com garotos, sempre algo dava errado. Vitória
várias vezes já havia me arrumado encontros as cegas com amigos de
seus namorados, mas nunca davam certos.
—
Qual foi, A? Vai ficar bolada comigo? Olha, tá, desculpa. Elliot não
é só um cara. Feliz?
—
Não facilita não, Vitória.
Minha
vontade era de pegar Vitória pelos cabelos e arrastá-la para fora
do meu apartamento. Ela havia mesmo me irritado. Mas eu precisava
dela lá, afinal quem iria me ajudar com a roupa e a maquiagem? Se
não fosse por isso – e também porque estava com medo – já
tinha mandado-a embora.
Depois
que Elliot me ajudou aquele dia, passamos a conversar todos os dias.
Dali em diante, fomos nos aproximando. Ele então tornou-se parte da
minha vida, da minha rotina. Sentia a necessidade de conversar com
ele todos os dias, nem que fosse algo atoa. Todos os dias quando
chegava do trabalho, corria e ligava para ele. E as noites em que eu
não ligava, ele quem me ligava ou mandava uma sms perguntando se eu
estava bem.
Elliot
era o tipo de cara por quem qualquer garota se apaixonaria, ou, pelo
menos, todas as que eu conheço. Ele era esperto, bonito,
inteligente, engraçado e bem-sucedido. Eu poderia passar dias e
noites acordada apenas conversando com ele, que não me cansaria. Era
incrível, como com ele as coisas pareciam mais simples, como eu
conseguia agir sem máscara.
—
Acho que não vou ir!
—
Claro que vai! Que ideia é essa, garota?
—
Ah, Vi! E se não der certo? E se as expectativas dele para hoje
forem diferentes das minhas?
—
Allie, acorda! Elliot é está a fim de você, senão porque
continuaria conversando com você todos os dias durante todo esse
tempo?! Você é muito insegura, minha amiga. Isso sim é um
problema.
Vitória
tinha um pouco de razão. Se ele não quisesse nada comigo, não me
convidaria para sair. Mas era inevitável não sentir medo, não
ficar insegura. Eu sabia dos meus sentimentos em relação à Elliot,
mas não sabia dos dele em relação a mim. O que eramos afinal?
Flertávamos por telefone as vezes, mas não passava de brincadeiras.
E não nos víamos desde o dia em que nos conhecemos. Como ele
estava? Será que continuava do jeito que eu me lembrava? Não era
apenas medo e insegura, era ansiosidade também.
Naquela
noite, Elliot e eu saímos. E para meu alívio, ele continuava
idêntico ao cara que eu me lembrava. Com os mesmos olhos castanhos,
o mesmo sorriso torto e os mesmos ombros largos. E ao contrário do
que achei, não fomos jantar em nenhum restaurante. Fomos ao cinema,
assistimos á um filme que eu nem se quer consegui prestar atenção,
tampouco lembrar o nome. A durante toda a sessão, a única coisa que
se passava na minha cabeça eram aqueles olhos castanhos e aquele
sorriso. Sentia meu coração acelerar cada vez mais, a cada vez que
seus dedos roçavam meu braço.
Depois
do cinema, fomos á uma pizzaria. Ficamos comendo e conversando sobre
tudo. Falamos sobre nossas famílias, amigos, trabalho, vida pessoal,
até mesmo sobre nossa adolescência. Conheci um novo Elliot, um
Elliot que quando criança gostava de passar as férias na fazenda
dos avós e andar a cavalo, um Elliot que já havia tido decepções
amorosas, um Elliot que eu jamais poderia imaginar que existia. E
deixei que ele conhecesse uma Allie que quase ninguém conhecia, o
apresentei a pequena Allie, a verdadeira Allie. Me despi
completamente para ele, deixei que conhecesse meus medos, meus
traumas. E pela primeira vez não senti medo, nem me senti
incomodada. Pelo contrário, senti como se eu precisasse falar tudo.
Como se eu precisasse fazer ele me conhecer. E assim, eu fiz.
No
fim da noite, Elliot me levou de volta a meu apartamento. Quando fui
abraçá-lo para me despedir, ele me roubou um beijo. Um beijo o qual
eu retribui. O beijo pelo qual eu estava esperando durante dias. O
beijo que deu início a tudo. Aquela foi a segunda de muitas noites
em que Elliot me fez ir dormir sorrindo com a cabeça nas nuvens.
Naquela noite eu tive a certeza de que era ele, era por Elliot que eu
esperava todo esse tempo, era ele. E mesmo depois de ter acabado,
continua sendo ele.
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