segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Allie e Elliot: O primeiro encontro


Nosso primeiro encontro. Ah, esse dia! Lembro-me até hoje sobre o quanto estava nervosa. Estava tão nervosa que andava de um lado para o outro, enquanto Vitória, minha melhor amiga, tentava me acalmar.
— Você vai pirar, Allie!
— Pirar? Está de brincadeira? Já pirei há horas, Vitória!
Dei uma risada irônica e tudo que minha amiga fez foi soltar um suspiro e revirar os olhos, igual sempre fazia quando estava aborrecida.
— Não sei pra quê tanta preocupação, é só um cara, só um encontro.
— Não é só um cara, é o Elliot!
— A, olhe para mim… Elliot é um cara, apenas um cara legal e vocês vão sair para comer alguma coisa. Você já fez isso outras vezes, lembra? É a mesma coisa.
Dessa vez, fui eu quem revirou os olhos. Para Vitória era simples, afinal com quantos caras ela já havia saído mesmo? Acho que nem mesmo ela lembrava quantos ao certo, foram muitos. Desde o colégio, cada semana ela me aparecia como uma paixonite, um novo namorado. Enquanto eu nunca soube lidar com garotos, sempre algo dava errado. Vitória várias vezes já havia me arrumado encontros as cegas com amigos de seus namorados, mas nunca davam certos.
— Qual foi, A? Vai ficar bolada comigo? Olha, tá, desculpa. Elliot não é só um cara. Feliz?
— Não facilita não, Vitória.
Minha vontade era de pegar Vitória pelos cabelos e arrastá-la para fora do meu apartamento. Ela havia mesmo me irritado. Mas eu precisava dela lá, afinal quem iria me ajudar com a roupa e a maquiagem? Se não fosse por isso – e também porque estava com medo – já tinha mandado-a embora.
Depois que Elliot me ajudou aquele dia, passamos a conversar todos os dias. Dali em diante, fomos nos aproximando. Ele então tornou-se parte da minha vida, da minha rotina. Sentia a necessidade de conversar com ele todos os dias, nem que fosse algo atoa. Todos os dias quando chegava do trabalho, corria e ligava para ele. E as noites em que eu não ligava, ele quem me ligava ou mandava uma sms perguntando se eu estava bem.
Elliot era o tipo de cara por quem qualquer garota se apaixonaria, ou, pelo menos, todas as que eu conheço. Ele era esperto, bonito, inteligente, engraçado e bem-sucedido. Eu poderia passar dias e noites acordada apenas conversando com ele, que não me cansaria. Era incrível, como com ele as coisas pareciam mais simples, como eu conseguia agir sem máscara.
— Acho que não vou ir!
— Claro que vai! Que ideia é essa, garota?
— Ah, Vi! E se não der certo? E se as expectativas dele para hoje forem diferentes das minhas?
— Allie, acorda! Elliot é está a fim de você, senão porque continuaria conversando com você todos os dias durante todo esse tempo?! Você é muito insegura, minha amiga. Isso sim é um problema.
Vitória tinha um pouco de razão. Se ele não quisesse nada comigo, não me convidaria para sair. Mas era inevitável não sentir medo, não ficar insegura. Eu sabia dos meus sentimentos em relação à Elliot, mas não sabia dos dele em relação a mim. O que eramos afinal? Flertávamos por telefone as vezes, mas não passava de brincadeiras. E não nos víamos desde o dia em que nos conhecemos. Como ele estava? Será que continuava do jeito que eu me lembrava? Não era apenas medo e insegura, era ansiosidade também.
Naquela noite, Elliot e eu saímos. E para meu alívio, ele continuava idêntico ao cara que eu me lembrava. Com os mesmos olhos castanhos, o mesmo sorriso torto e os mesmos ombros largos. E ao contrário do que achei, não fomos jantar em nenhum restaurante. Fomos ao cinema, assistimos á um filme que eu nem se quer consegui prestar atenção, tampouco lembrar o nome. A durante toda a sessão, a única coisa que se passava na minha cabeça eram aqueles olhos castanhos e aquele sorriso. Sentia meu coração acelerar cada vez mais, a cada vez que seus dedos roçavam meu braço.
Depois do cinema, fomos á uma pizzaria. Ficamos comendo e conversando sobre tudo. Falamos sobre nossas famílias, amigos, trabalho, vida pessoal, até mesmo sobre nossa adolescência. Conheci um novo Elliot, um Elliot que quando criança gostava de passar as férias na fazenda dos avós e andar a cavalo, um Elliot que já havia tido decepções amorosas, um Elliot que eu jamais poderia imaginar que existia. E deixei que ele conhecesse uma Allie que quase ninguém conhecia, o apresentei a pequena Allie, a verdadeira Allie. Me despi completamente para ele, deixei que conhecesse meus medos, meus traumas. E pela primeira vez não senti medo, nem me senti incomodada. Pelo contrário, senti como se eu precisasse falar tudo. Como se eu precisasse fazer ele me conhecer. E assim, eu fiz.
No fim da noite, Elliot me levou de volta a meu apartamento. Quando fui abraçá-lo para me despedir, ele me roubou um beijo. Um beijo o qual eu retribui. O beijo pelo qual eu estava esperando durante dias. O beijo que deu início a tudo. Aquela foi a segunda de muitas noites em que Elliot me fez ir dormir sorrindo com a cabeça nas nuvens. Naquela noite eu tive a certeza de que era ele, era por Elliot que eu esperava todo esse tempo, era ele. E mesmo depois de ter acabado, continua sendo ele.

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