terça-feira, 28 de julho de 2015

Tudo bem, eu vou ficar bem


Eu mandei ele embora, Zé. Disse pra ele ir e nunca mais voltar. Falei que estava cansada das crises idiotas de ciúmes dele, que não aguentava mais ele me culpar por todo problema que envolvia a gente. Eu falei um monte de coisas pra ele, Zé. Ele mandou eu ir me ferrar e disse que não era para eu me arrepender depois. Depois que ele bateu a porta e saiu com raiva, meu mundo desmoronou. Não chorei na hora, nem nas próximas três horas. Segurei o choro e fiquei repetindo para mim mesma mentalmente que estava tudo bem, que ele ia voltar. Mas ele não voltou, Zé. Ele me ouviu. Pela primeira vez em dois anos, ele me obedeceu. Ele foi e não voltou. Não voltou nem mesmo quando eu fui atrás dele. Eu fui atrás dele, Zé, acredita? Euzinha, a rainha do orgulho, corri atrás de alguém. Não dava para deixar ele ir, entende? Ele é especial. Ele sempre me fez tão bem, com ele por perto eu me sentia mais viva, sentia mais vontade de viver. E agora, Zé? O que eu faço? Sem esse moreno eu perco o chão, perco o rumo. Ele era a minha âncora. Era o meu melhor amigo.
Desde quando ele se mandou não consigo parar de ouvir nossas músicas, músicas que nunca tive coragem de mandar para ele, mas que eu sempre considerei "nossas". Não consigo mais escrever, nem estudar. Não consigo nem conversar direito com meus amigos. Porque tudo que eu faço é pensar nele, tudo que eu quero fazer é ir correndo até ele e me atirar em seus braços. Tá doendo, Zé. Tá doendo muito. Já se passaram três dias, mas a dor não passa, ela só aumenta. Estou me sentindo tão patética, tão frágil, tão idiota. Nem eu mesma estou me reconhecendo. Nunca deixei que meus sentimentos transbordassem tanto, nunca me deixei tão vulnerável. Eu não sou assim. Eu não era assim. O que ele fez comigo, Zé? O que eu faço comigo? Eu tô tão perdida. Tudo que eu quero é chorar. Não sinto nem vontade de comer. Não sinto vontade de fazer nada. Senão ficar deitada na cama.
O pior é que eu sei, sei que não posso deixar isso me abalar desse jeito. Sei que eu preciso superar. Sei que sou nova e que só estou começando a "viver". Mas não dá, juro que estou tentando me manter firme. Só que quanto mais tento, mais desabo. Eu não quero isso, não quero continuar sentindo tudo isso. Tudo que eu quero é dormir e acordar quando essa dor toda tiver passado. Quero matar esse amor e a dor que ele está me causando. Não quero continuar assim. Eu não posso continuar assim. Ele foi só um cara, não é mesmo? Só um de vários que já passaram pela minha vida. Então é assim que eu tenho que vê-lo, como só mais um. Só mais um idiota. Só mais um de muitos. Já tiveram alguns antes dele e ainda virão outros. Isso tudo é passageiro, não é Zé? Essa dor é passageira. Vai passar. Eu sei que vai. É só uma questão de tempo. Tudo bem, eu vou ficar bem.

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